O futuro é uma prisão ou uma estrada?

Eu lembro da primeira vez que decidi fazer intercâmbio, era 2011 e o desejo de viver uma experiência fora do país latejava dentro de mim. Era como se houvesse algo para mim do outro lado do mundo, sabe? E assim, eu comecei a me organizar emocionalmente, financeiramente e profissionalmente para viver essa experiência. Nunca foi pelo inglês, embora essa era a justificativa que eu dava para todos que me perguntavam, mas sempre foi pela liberdade, pela neve, pela aventura. 

Passei 30 dias em Calgary, no Canadá. Hoje em dia as pessoas passam anos fora em intercâmbio, naquela época também. Mas esses 30 dias foram como um ano para mim. Fiz e vendi trufas, ovos de páscoa, cestas de chocolate para conseguir bancar essa viagem no mesmo mês de férias do trabalho.

Lembro da despedida da minha mãe na garagem do nosso prédio, ela preferiu não ir até o aeroporto, para evitar sofrer e me fazer sofrer – com certeza! E eu estava tão deslumbrada que mal pensava no tamanho da intensidade daquela decisão. Aos 19 anos, viajando para um país em que tinha a língua que eu não era fluente e meu pai, sempre apoiando as minhas aventuras. 

O avião decolou e eu suspirei de alívio, agora vai! A sensação de liberdade, de direito, de autonomia, de confiança e coragem se expandiram dentro de mim. Aproveitei o vôo com tudo que tem direito, nem olhei para os lados porque eu nunca fui a mais extrovertida e comunicativa – por mais surpreendente que isso possa parecer. Quase perdi a conexão, o maior clichê de todos os tempos. Mas consegui chegar até Calgary. Quando pousei, senti aquele frio na espinha, agora não tinha mais como voltar atrás, comecei a ver todas as pessoas falando só em inglês, parecia até que eu estava sonhando. 

Na época, não tinha whatsapp, muito menos rede social, então eu levei o endereço impresso com o caminho feito no google maps, mostrei para o taxista completamente travada, nada em inglês saía da minha boca. No táxi, a adrenalina foi baixando e eu comecei a me conectar. Então, os sentimentos da decolagem voltaram a me invadir: liberdade, autonomia, confiança e coragem. 

Essas quatro palavras são o norte do futuro do trabalho. Em 2011, eu já sentia dentro de mim o que é característica da Geração Y e, consequentemente, das posteriores: o futuro é liberdade. É uma estrada que todos querem caminhar e escolher a própria direção e mudá-la quando sentirem que podem e devem. Quanto mais clareza você tiver desse conceito, mais fácil ficará liderar sua equipe e a si mesmo. Encontre no seu dia a dia, recursos para oferecer liberdade para as pessoas: de comunicação, de interação, de entrega, de horário, de local de trabalho, do que você puder. E sinalize. Nem sempre o que você considera liberdade, é visto pelo outro como tal. Então faça a sua parte praticando e falando, porque o futuro do trabalho chegou, e chegou com tudo! 

Vamos agir?

Por Zora Viana
CEO da Universidade Corporativa Atitude Emocional.
Consultora de treinamento e desenvolvimento humano.
@zoraviana